quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Curitiba, uma cidade sem portas...






Resumo da experiência: Amo São Paulo, tenho ótimas lembranças de Mogi, mas a mínima falta de passar por lá. A faculdade para mim, na época, era apenas uma desculpa para conhecer novos lugares. No primeiro momento, não hesitei em largar tudo e voltar à minha terra. Aprendi que não me gosto magra. Aprendi o poder do passional. Aprendi a cozinhar. Aprendi, principalmente, que a melhor coisa da vida é estar ao lado dos nossos. Curitiba! Cá estou eu!!! Família e amigos, voltei!!!



Morei em São Paulo, onde fiz faculdade de Publicidade e Propaganda.

Como fui parar lá? Uma amiga de escola me disse que estava indo à Mogi das Cruzes fazer vestibular. Em sempre amei São Paulo, mas não tinha a mínima ideia de como seria viver em Mogi. Curiosa como sempre, decidi ir.

Conversei com meus pais e pronto! Dois dias depois, eu já estava na estrada!

Não tínhamos onde ficar. Achamos uma república recém inaugurada, mas só restava uma vaga. Como minha amiga tinha uma colega em outra república, eu fiquei com essa vaga.

Fiz o vestibular e passei! Lembro que liguei do orelhão para contar a novidade. Meu pai disse (com um ar de decepção): Puxa! Parabéns! Agora terá que morar ai! Era um misto de alegria e profunda tristeza, afinal sua menininha estava ganhando asas. Eu tinha "apenas" 17 anos.

Cheguei em Curitiba, arrumei a bagagem e voltei para Mogi.

A república que minha amiga morava, tinha uma "gerente" e 12 estudantes, todas mulheres. Era uma bagunça, móveis cheirando a mofo, além disso, não existia privacidade. Um quarto para 4 mulheres.O telefone de disco tinha um cadeado, era proibidíssimo o uso por qualquer uma das moradoras.

A minha república era recém mobiliada, um quarto para cada uma, telefone liberado (dividíamos a conta), móveis novos, alguns ainda com etiquetas e plásticos, uma graça de lugar. O único problema era a localização, vinte e três quadras da faculdade e uma sofrida subida para chegar em casa.

Os habitantes do "planeta' República Mogiana eram: a "proprietária" que não estudava, só administrava, uma aluna de medicina, uma de direito e eu.




O clima era ótimo, finais de semana jogávamos baralho, íamos a festas, fazíamos churrasco, era muito gostoso.
Nunca tive muito o dom para cozinhar (hoje em dia já estou bem melhor), no começo eu comprava um pote de 2 litros de sorvete da Kibon, esse era meu almoço e jantar. Dependendo do dia, saia da minha dieta forçada e comia um "sanduba".




A proprietária da casa me ensinou a fazer arroz, bife, salada, enfim, coisas triviais, até aquele momento por mim, desconhecidas. (pelo menos no preparo)

Eu era a preferida. Chegava em casa, minha roupa lavada e passada, almoço pronto, quarto arrumado. Serviços que deveriam ser executados por cada moradora.

Oito meses se passaram e eu na mordomia. A única coisa que eu fazia era estudar, afazeres domésticos, eu não precisava.

Certo feriado, só eu e a proprietária ficamos em Mogi, as demais viajaram. Fomos assistir um filme e a "fulana" me perguntou se eu estava gostando de morar lá. É claro que eu gostava. Não entendi muito bem a pergunta, até o momento em que ela revelou estar apaixonada por mim!

Não sou homofóbica e concordo com uma grande amiga que me disse um dia: Não importa o sexo, o importante é amar! Penso que além disso, exista algo chamado "preferência"! E no meu caso, não era ela.

Eu lembro que estava sem graça, agradeci as palavras, esclareci minha posição e sai pela tangente.  

No outro dia tudo mudou. Cheguei da faculdade, nada de almoço, quarto desarrumado e roupa por lavar. Uma semana se passou, a aluna de medicina trancou a faculdade, a de direito alugou um flat e eu, ainda lá.

Dias depois cheguei da faculdade e minha chave não entrava na fechadura da porta. Fiquei chocada quando percebi que, em frente a varanda, tinha uma ENORME placa de aluga-se!!!                                              

A "dona" no estabelecimento, devolveu a casa á imobiliária, mudou-se para a casa de seus pais em São Paulo e levou TODAS as minhas coisas, tudo isso em tempo record.

Naquele mesmo dia tive que arrumar lugar para ficar e inclusive roupas para vestir. Adivinhe onde fui parar? Na pensão que minha amiga estava!!!

A geladeira era "Felliniana". Imagine, em que se transforma, uma única geladeira para 11 pessoas. Potinhos com etiquetas para todos os lados. Onze potes de margarina, onze caixas de ovos, onze garrafas de água e tudo socado de forma que coubesse sempre mais alguma coisa. Nas prateleiras da minúscula cozinha, onze frascos de azeite, onze pacotes de açúcar, onze pacotes de "Miojo", no mínimo. Eu voltei ao meu pote de sorvete. O congelador era muito menos concorrido!


Quatro e meia da manhã começava a correria pelo chuveiro. Onze mulheres querendo banhar-se antes da aula (só existia um banheiro na casa). Secador de cabelo zumbindo, cafeteira ocupada, discussões sobre quem abriu a "minha" margarina, e por ai em diante. Onze mulheres tagarelando em plena madrugada. Acredito que naquela ambiente seria impossível a formação de bons alunos e profissionais e sim a fabricação de loucos!

Emagreci 11 quilos em 1 mês. Parecia um zumbi. Olhos fundos, desmotivada, tendo que lavar roupas (coisas que não faço direito até hoje...rs) e ainda ouvir brigas por causa de comida! 

Novembro do mesmo ano, estava eu de volta a minha terra natal. Curitiba!


"Curitiba, você meu chamego, meu coração meu sossego, meu jeito de ser...Uma cidade sem portas pra guardar meu coração". (Paulinho Vítola)


Resumo da experiência: Amo São Paulo, tenho ótimas lembranças de Mogi, mas a mínima falta de passar por lá. A faculdade para mim, na época, era apenas uma desculpa para conhecer novos lugares. No primeiro momento, não hesitei em largar tudo e voltar à minha terra. Aprendi que não me gosto magra. Aprendi o poder do passional. Aprendi a cozinhar. Aprendi, principalmente, que a melhor coisa da vida é estar ao lado dos nossos. Curitiba! Cá estou eu!!! Família e amigos, voltei!!!





3 comentários:

  1. Que bom que voltou Curitiba e seus amigos agradecem!

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  2. Ainda bem que voltou, se não voltasse eu não tinha conhecido essa pessoa maravilhosa, uma professora incrível.Rsrsrs.

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